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Reitor e estudantes da UNIC reflectem sobre os 21 anos de paz em Angola

05 Abril, 2023

O Reitor, doutor João Manuel Canoquena, funcionários e estudantes da Universidade Internacional do Cuanza (UNIC) fazem importantes reflexões sobre o Dia da Paz e de reconciliação nacional de Angola, comemorado no passado dia 4 de Abril de 2023, onde o país celebrou o 21º aniversário após longos anos de conflito armado.

Na última terça-feira, o Reitor da UNIC participou do acto provincial do Dia da Paz, promovido pelo Governo local que teve lugar no Pavilhão do Sporting, na cidade do Cuito, em representação da Universidade. Nessa ocasião, o Governador, Pereira Alfredo, destacou "a evolução do ensino superior na província, com uma soma de cinco instituições", onde a Universidade Internacional do Cuanza, por sinal a única internacional na província, se destaca com uma missão especial na promoção de uma formação integral para o homem, isto é, fazer jus aos valores da UNIC.

Os estudantes falaram da importância que esse dia representa para os cidadãos angolanos. Helena Pedro, sustentou ser importante reflectir nesse dia como um grande ganho para todos, no entanto, apela a promoção desse bem social. Joaquim Sebastião, estudante de Engenharia Eléctrica, disse que essa data representa uma festa para os angolanos, e, aponta: “deve ser um momento de reflexão para todos nós, Angola precisa reflectir que as novas gerações só se vão virar para o melhor se houver oportunidades a eles. Como jovens temos muito a dar, e precisamos de oportunidades para mostrar o potencial que temos em prol do desenvolvimento de Angola”. Finalmente, Sebastião exortou “se nos comprometermos a viver a paz no modo geral pensando em todo o mundo, o nosso país irá avante”.

Ercita Cónego, coordenadora do Departamento de Admissões da UNIC destacou o momento como sendo uma ocasião de introspecção para todos. Segundo afirmou, após longos anos de guerra severa, “é um momento de nos unirmos e juntos trabalharmos para a consolidação e manutenção dessa paz ora alcançada”.

Ercita, ressalta que um dos grandes benefícios da paz é a livre circulação de pessoas e bens, “o que dá um grande impacto na nossa economia, a construção de grandes infraestruturas como o Campus universitário da UNIC, é mais uma prova dos ganhos da paz e principalmente para o Bié, província que tanto foi afectada pela guerra civil”. Destaca a UNIC como grande ganho para o desenvolvimento académico dos jovens angolanos.

Segundo o professor José António Januário, “é um ganho para todos os angolanos essa data que esquecemos o calar das armas. Essa paz nos conduz ao desenvolvimento socioeconómico, político, onde cada angolano é chamado a viver sem olhar nas diferenças partidárias, cor, diferença individual, paz é bem-estar psicológico e social”.

Apela ao Governo a olhar nas melhorias das populações, contribuir na tolerância, promover o diálogo e bem-estar de todos os angolanos. O docente sustenta que “todo o professor tem o papel de incutir valores, sendo assim, devemos transmitir esses valores cultivando a paz e formar um homem íntegro”.

A seu torno, o Reitor, Dr. Canoquena faz um esboço sobre a data olhando para a vertente social, económica e político-administrativa, iniciando a sua abordagem por conceituar o significado da paz, aludindo que, do ponto de vista da significância o 4 de Abril "é uma data quase que equivalente ao 11 de novembro", que se comemora a independência nacional do jugo colonial. O Reitor lembra os vários conflitos que ocorreram desde 1975 até o ano das primeiras eleições gerais em Angola, em 1992 que desencadearam no conflito armado entre o MPLA, liderado por José Eduardo dos Santos e a UNITA, liderada por Jonas Malheiro Savimbi, este último de quem lamentou a sua omissão nos discursos da história de Angola. Nessa senda, apela que hajam mais estudos no sentido de perpetuar a figura desse partido político e o seu fundador na história para então se entender o valor da paz.

“Existe uma franja da população, maioritariamente jovem que não entende a preciosidade desse momento de paz, o calar das armas, a ausência da dor de perder um familiar como consequência da guerra e ter de enterrá-lo no próprio jardim, essa história precisa ser permanentemente contada para que as pessoas sintam e apreciem o valor da paz. É importante que Angola continue a preservar a paz, e que esta, se solidifique para perdurar” afirmou o Reitor.

João Canoquena, destaca além da paz social, militar e de unidade nacional, outras dimensões; “paz significa concórdia, ausência de conflitos, de violências, de crimes, pese embora esta última ainda não seja factual na sociedade. A violência doméstica e a existência de crimes são um grande exemplo na nossa sociedade, portanto, a paz não está absolutamente conquistada em Angola devido à falta de união e unidade entre irmãos da mesma pátria, por essa razão, temos que encontrar a nossa Angolanidade, nos unir à volta dela e definir aquilo que queremos para o nosso país”, descreveu o Reitor.

No concernente ao contributo da UNIC, o Dr. João enfatizou que a instituição tem entre os seus valores, a solidariedade. “Queremos incutir esse conceito nos nossos discentes, de serem solidários com o próximo e ao procederem assim estarão a promover a concórdia, a harmonia e a criar ambientes propícios para as pessoas desfrutarem dessa paz”.

Afirmou, que a Universidade Internacional do Cuanza anseia que os estudantes, ao terminar o ciclo formativo, tenham um conjunto de valores, não apenas técnico-profissionais, mas também éticos e morais, dentre muitos a solidariedade, resiliência, respeito a dignidade da pessoa humana, ao meio ambiente e a capacidade de combater a violência bem como promover a justiça e a paz social. “Pretendemos uma formação integral do homem e não do técnico, baseada na integridade intelectual bem constituída da pessoa”, enfatizou o Dr. Canoquena.

Apelou que sejam identificados os aspectos da paz que precisam ser melhorados, olhar para todos os homens e mulheres da nação como angolanos. Aconselhou aos cidadãos a primar na inclusão das pessoas, a unidade, sem distinção de cores partidárias ou de ideologias políticas, porquanto Angola é a nossa identidade.